Arqueólogos encontram 11 sepulturas seladas em Luxor no Egito

Uma descoberta impressionante acaba de sacudir o mundo da arqueologia: uma tumba com 11 sepultamentos foi encontrada perto de Luxor, no Egito, trazendo à tona uma riqueza de artefatos e detalhes sobre a vida e os costumes do antigo Egito.

A tumba, que remonta ao Império Médio (1938–1630 a.C.), está localizada na necrópole de South Asasif, uma região histórica na Cisjordânia de Luxor, e representa a primeira evidência de sepultamentos do Império Médio nessa área.

A descoberta foi liderada pela missão conjunta de arqueólogos egípcios e norte-americanos, que, ao explorarem o local, encontraram caixões com restos mortais de homens, mulheres e crianças, além de impressionantes artefatos que evidenciam a riqueza cultural e espiritual da época.

South Asasif, conhecida principalmente por tumbas da Vigésima Quinta Dinastia, agora ganha uma nova camada histórica com essa descoberta do Império Médio, apontando para o local como uma área de grande importância cultural e religiosa no antigo Egito.

Katherine Blakeney, arqueóloga americana à frente do projeto, destaca que “a descoberta da primeira tumba do Império Médio na necrópole de South Asasif altera sua história, colocando o local dentro do contexto da vasta necrópole tebana do Império Médio”.

O achado traz uma nova dimensão para a pesquisa arqueológica no Egito, ampliando a compreensão sobre as práticas funerárias e as influências culturais que marcaram o período.

A tumba descoberta em South Asasif pode ter sido usada por várias gerações de uma mesma família, indicando a tradição de se criar complexos funerários onde parentes pudessem ser sepultados em um único local.

Os caixões, dispostos de norte a sul, abrigavam corpos com as cabeças voltadas para diferentes direções, um posicionamento que refletia as crenças espirituais e os rituais daquele período.

Entre os achados estão joias pertencentes a mulheres, como um colar de ametista de 30 contas, amuletos e espelhos de cobre. Esses objetos, além de adornarem os falecidos, serviam também para proteção espiritual, de acordo com as práticas religiosas do antigo Egito, em que se acreditava na vida após a morte.

Os arqueólogos encontraram caixões para diferentes membros da família, com variações nos adornos e nas joias de acordo com o sexo e a idade dos falecidos. A maior parte das joias estava associada aos sepultamentos femininos, enquanto as crianças e alguns homens foram enterrados sem adornos.

Os itens funerários, no entanto, revelam mais do que a hierarquia social ou o status familiar; eles oferecem um olhar sobre as crenças e práticas culturais que sustentavam a vida cotidiana no Império Médio.

Cada peça encontrada, desde amuletos em forma de cabeça de hipopótamo até colares de contas de faiança, carrega significados espirituais complexos, evidenciando o zelo com que os egípcios antigos preparavam os mortos para a vida além da vida.

Entre os itens encontrados na tumba, algumas peças se destacam por sua riqueza artística e simbolismo espiritual. Um exemplo é a estatueta de fertilidade em faiança verde-azulada, com marcantes adornos em forma de losangos e detalhes pretos que representam o cabelo. Essa peça, com pernas truncadas e furos para prender cabelos, reflete o valor simbólico atribuído à fertilidade e à renovação da vida na cultura egípcia, um tema recorrente em artefatos funerários da época.

Outro achado notável é uma bandeja de oferendas com relevos que simbolizam oferendas rituais, incluindo a cabeça de um touro, uma perna de carneiro e pães. Tais itens possivelmente eram usados em rituais de oferenda aos deuses, para garantir a proteção dos espíritos na outra vida.

O colar de ametista e outros adornos encontrados na tumba também revelam o apreço por pedras preciosas e a crença em suas propriedades protetoras. As contas cilíndricas de ágata e o amuleto em forma de cabeça de hipopótamo reforçam a conexão entre a joalheria e a espiritualidade, uma ligação que se manifesta na escolha cuidadosa dos materiais e nas formas dos objetos.

Como observa Katherine Blakeney, “esse artesanato ressalta a sofisticação cultural e artística do Império Médio”, evidenciando a habilidade dos artesãos egípcios e sua atenção aos detalhes ao criar peças que transcendem o aspecto decorativo, integrando-se ao universo espiritual dos antigos egípcios.

A descoberta da tumba de South Asasif ocorre em um momento em que o Egito busca revitalizar o turismo, um setor fundamental para sua economia. Com o impacto da pandemia de COVID-19 e da instabilidade política, o turismo no país sofreu uma queda significativa.

Luxor, famosa por monumentos como o Templo de Karnak, o Vale dos Reis e o Templo de Hatshepsut, é um dos principais centros turísticos do Egito e uma das regiões mais ricas em descobertas arqueológicas. O governo egípcio, ciente da importância desse setor, tem investido em novos projetos arqueológicos e na preservação de sítios históricos para atrair visitantes internacionais.

Recentemente, o Egito abriu salas do Grande Museu Egípcio, próximo às Pirâmides de Gizé, ainda que a inauguração oficial esteja prevista para breve. Esse esforço visa chamar a atenção do mundo para o vasto patrimônio egípcio e gerar receita através do turismo cultural.

A descoberta em South Asasif, junto a essas iniciativas, contribui para solidificar a imagem do Egito como uma terra de tesouros arqueológicos, revitalizando o interesse global por sua história milenar e promovendo o retorno dos turistas.

A tumba em South Asasif representa um mistério em vários aspectos. Com 11 sepultamentos distintos, o local oferece uma visão única da organização familiar e das tradições funerárias do antigo Egito. Embora muitos dos caixões e envoltórios de linho tenham sido deteriorados por enchentes antigas, outros artefatos sobreviveram ao tempo, como colares, amuletos e espelhos de cobre.

No entanto, a preservação desses itens se torna um desafio, exigindo técnicas modernas de conservação e pesquisa para que futuras gerações possam conhecer os detalhes desses achados.

Além disso, o impacto ambiental e o fluxo de turistas na área representam um desafio para a preservação do sítio. A exposição contínua ao tráfego turístico e a ação do tempo são fatores que exigem uma estratégia cuidadosa para proteger os artefatos e o local em si.

A cooperação entre arqueólogos, especialistas em conservação e autoridades locais é essencial para garantir que o local e suas descobertas sejam preservados de forma sustentável. A conservação de tumbas como essa, com suas preciosas joias e artefatos, é fundamental para preservar o legado cultural do antigo Egito e para que mais detalhes sobre a vida daquela época possam ser revelados no futuro.