Uma nova descoberta em Marte chamou a atenção de cientistas ao redor do mundo: uma estrutura subterrânea com um intrigante formato de cachorro foi identificada sob a superfície do planeta. A formação faz parte de um conjunto de aproximadamente 20 estruturas detectadas ao redor da calota polar norte de Marte, causando grande confusão entre os pesquisadores. As origens dessas formações ainda são desconhecidas, mas a descoberta pode mudar o entendimento atual sobre a geologia e o passado climático do planeta vermelho. Cientistas da Universidade de Utrecht e da TU Delft, na Dinamarca, estão liderando a investigação, que pode revelar informações inéditas sobre Marte e seus processos geológicos.
A estrutura em formato de cachorro
A estrutura que mais despertou a curiosidade dos cientistas foi uma formação subterrânea em Marte que, quando mapeada, revelou o formato de um cachorro. Esse achado peculiar está escondido sob camadas espessas de sedimentos, o que sugere que o local já foi o fundo de um oceano antigo. Marte, bilhões de anos atrás, possuía vastos oceanos e rios, mas devido a uma mudança climática drástica, suas águas evaporaram, e o que resta são vestígios geológicos como essa misteriosa camada sedimentar.
As 20 estruturas detectadas ao redor da calota polar norte variam em forma e tamanho, e todas estão localizadas em regiões onde antigos corpos d’água poderiam ter existido. O professor Bart Root, da TU Delft, que lidera a pesquisa, explicou que as formações foram descobertas através de dados gravitacionais obtidos por satélites em órbita de Marte. A variação nas órbitas desses satélites permitiu aos cientistas criar um modelo detalhado do campo gravitacional do planeta, revelando como a massa está distribuída sob sua superfície.
Esses dados foram essenciais para a descoberta, pois a estrutura com formato de cachorro não possui vestígios visíveis na superfície do planeta. A identificação dessas anomalias foi possível graças ao avanço tecnológico das sondas espaciais, como a InSIGHT da NASA, que finalizou sua missão em 2022, fornecendo dados valiosos sobre a espessura da crosta marciana, a flexibilidade do manto e as dinâmicas do núcleo do planeta.
LEIA MAIS:
Possíveis explicações para as formações
A verdadeira origem dessas estruturas subterrâneas, incluindo a de formato canino, ainda é incerta, mas os cientistas já possuem algumas teorias preliminares. Uma possibilidade é que essas formações sejam resultado de impactos de meteoros antigos que teriam compactado a superfície marciana, criando essas anomalias ao longo de bilhões de anos. Marte, com sua atmosfera mais fina, está muito mais exposto a impactos de asteroides e meteoros do que a Terra, o que poderia explicar a formação dessas estruturas.
Outra hipótese sugere que atividades vulcânicas poderiam ter moldado essas formações subterrâneas. Marte é o lar do maior vulcão do Sistema Solar, o Olympus Mons, que pode ter influenciado diretamente a geologia do hemisfério norte do planeta. A ideia de que atividades vulcânicas moldaram essas estruturas ganha ainda mais força com a recente descoberta de uma possível pluma de magma no manto de Marte, localizada a cerca de 1.100 km de profundidade.
Essa pluma de magma poderia estar alimentando o Olympus Mons e outras formações vulcânicas ao longo do tempo, resultando nas anomalias geológicas observadas. A presença de atividade geológica mais recente do que se imaginava também sugere que Marte, embora considerado um planeta morto em termos geológicos por muitos anos, pode ainda estar ativo em suas camadas mais profundas.
Tecnologia avançada para mapeamento do subsolo
A descoberta das estruturas subterrâneas em Marte só foi possível graças a uma combinação de técnicas avançadas de mapeamento gravitacional e dados geológicos. A variação mínima nas órbitas dos satélites ao redor do planeta foi o primeiro indício de que algo incomum estava acontecendo sob a superfície marciana.
Esses satélites permitiram aos cientistas medir pequenas flutuações no campo gravitacional de Marte, que indicavam variações na distribuição de massa abaixo da superfície. Quando esses dados foram combinados com as informações sobre a espessura e a flexibilidade da crosta marciana, obtidos pela missão InSIGHT, foi possível mapear com maior precisão as estruturas subterrâneas.
Além disso, as missões anteriores em Marte, que incluíram rovers como o Curiosity e o Perseverance, forneceram informações cruciais sobre a composição da superfície marciana e a presença de minerais que indicam a antiga existência de água. Esses dados ajudaram a criar o contexto necessário para entender o ambiente em que essas formações se desenvolveram.
A descoberta da estrutura em formato de cachorro e das outras anomalias subterrâneas remete a um período em que Marte era muito diferente do planeta seco e árido que conhecemos hoje. Bilhões de anos atrás, Marte possuía uma atmosfera mais densa, temperaturas mais amenas e vastos corpos d’água, incluindo oceanos, rios e lagos. O clima do planeta mudou drasticamente, e hoje suas águas estão congeladas nas calotas polares ou escondidas no subsolo, em forma de gelo.
Essas formações sedimentares, que agora cobrem as estruturas subterrâneas, são uma das poucas evidências remanescentes desse passado aquático. À medida que os sedimentos foram se acumulando no fundo dos antigos mares de Marte, eles preservaram em seu interior pistas valiosas sobre as condições ambientais e geológicas do planeta na época.
O professor Bart Root ressaltou que a descoberta dessas formações fornece um vislumbre único da história geológica do hemisfério norte de Marte, oferecendo pistas sobre os processos que ocorreram ali ao longo de bilhões de anos. No entanto, mais pesquisas são necessárias para desvendar a verdadeira origem dessas formações e o que elas podem revelar sobre o passado do planeta.
As descobertas recentes em Marte, incluindo a estrutura em formato de cachorro, trazem implicações importantes para futuras missões espaciais. Entender melhor a geologia do planeta é fundamental para planejar missões tripuladas e a eventual colonização de Marte, um dos principais objetivos de agências como a NASA e empresas privadas como a SpaceX.
A possibilidade de que Marte ainda tenha atividade geológica também levanta questões sobre a segurança de futuras bases humanas no planeta. Se vulcões como o Olympus Mons ainda estiverem ativos, isso pode representar um risco para a colonização. Por outro lado, a presença de uma pluma de magma poderia fornecer uma fonte de energia geotérmica, que poderia ser aproveitada pelas futuras colônias marcianas.
Além disso, a descoberta de formações subterrâneas desconhecidas pode ajudar a identificar áreas de interesse para futuras escavações e estudos geológicos mais aprofundados. Marte ainda guarda muitos mistérios sob sua superfície, e cada nova descoberta traz mais perguntas sobre o passado e o futuro do planeta.
Conclusão
A intrigante descoberta de uma estrutura subterrânea em Marte com formato de cachorro, juntamente com outras 20 anomalias detectadas na região da calota polar norte, está desafiando as teorias atuais sobre a geologia do planeta vermelho. Embora sua origem ainda seja incerta, essa descoberta representa um avanço significativo no entendimento da história geológica de Marte e de seu passado aquático.