Viajar pela China é embarcar em uma jornada onde passado e futuro colidem a cada esquina. Conhecida mundialmente pela imponente Grande Muralha e metrópoles supertecnológicas, a China é um país de dimensões continentais, rico em história, contrastes e experiências sensoriais. Muito além dos cartões-postais de Pequim e Xangai, o país guarda tesouros culturais, naturais e espirituais que merecem ser explorados por viajantes curiosos e atentos aos detalhes.
Cidades onde imperadores ergueram palácios milenares convivem com centros urbanos vibrantes, onde arranha-céus refletem tradições milenares reinterpretadas. Dos desertos do noroeste aos campos de arroz do sul, a diversidade é tanta que cada cidade revela um novo aspecto da alma chinesa. Há espaços de contemplação, de fervor, de silêncio e de caos organizado — e todos têm algo a ensinar.
Neste artigo, você vai descobrir sete cidades chinesas que valem cada quilômetro percorrido. De centros históricos preservados a ilhas futuristas, de vilarejos tradicionais aos grandes núcleos culturais da Ásia, cada destino é uma imersão completa em um universo à parte. Prepare-se para conhecer uma China muito mais complexa, vibrante e surpreendente do que mostram os guias convencionais.
Xi’an: onde começa a história imperial
Antiga capital da dinastia Qin, Xi’an é um verdadeiro museu a céu aberto. Foi ali que nasceu o primeiro império unificado da China, e a cidade guarda com orgulho essa herança. Seu maior tesouro? O mundialmente famoso Exército de Terracota, com mais de 8 mil esculturas em tamanho real de soldados que guardavam o túmulo do imperador Qin Shi Huang.
Mas Xi’an vai além das tumbas. Seu centro murado, com muralhas perfeitamente preservadas, permite uma volta ciclística única com vista para a cidade moderna e histórica. O bairro muçulmano oferece culinária de rua espetacular, misturando tradição islâmica com sabores chineses, em uma atmosfera viva e acolhedora. Para quem busca entender o ponto de partida da Rota da Seda, Xi’an é o mapa ideal.
Chengdu: a cidade dos pandas e do chá lento
Chengdu é um convite ao tempo desacelerado. Capital da província de Sichuan, ela é famosa pelos centros de conservação de pandas-gigantes — criaturas carismáticas que se tornaram símbolo da fauna chinesa. Mas a experiência em Chengdu vai além dos bichinhos fofos.
Lá, o chá não é apenas bebida: é ritual. As casas de chá são templos do convívio e da observação. Os moradores locais dominam a arte de viver bem, seja nas praças públicas dançando tai chi, jogando mahjong ou saboreando o picante hot pot de Sichuan, uma explosão de sabores e aromas.
A cidade também abriga templos budistas, mercados noturnos intensos e ruas onde a vida flui com uma calma envolvente — um contraste interessante com o resto da China apressada.
Hangzhou: o paraíso descrito por poetas
Para os antigos poetas chineses, Hangzhou era sinônimo de beleza absoluta. Não por acaso: o famoso Lago Oeste (West Lake) é uma das paisagens naturais mais icônicas do país. Passear de barco por suas águas calmas, entre pontes arqueadas e pagodes espelhados na superfície, é como entrar em uma pintura em movimento.
Além do cenário idílico, Hangzhou é centro de produção de seda e chá Longjing, considerado um dos melhores do país. A cidade mistura modernidade com ares bucólicos, e está entre os principais polos tecnológicos do país — sede da gigante Alibaba.
Uma visita a Hangzhou é um mergulho no romantismo da cultura tradicional chinesa, sem abrir mão da conveniência contemporânea. Ideal para quem aprecia a beleza sutil da paisagem e a sofisticação dos pequenos gestos.
Guilin: esculturas da natureza em forma de montanhas
Poucos lugares no mundo oferecem um cenário tão surreal quanto Guilin. Localizada no sul da China, às margens do Rio Li, a cidade é cercada por formações cársticas que parecem ter sido moldadas por artistas místicos. São montanhas que se erguem como torres esculpidas, criando paisagens de sonho que já ilustraram incontáveis quadros tradicionais chineses.
Fazer um passeio de barco entre Guilin e Yangshuo é obrigatório. A viagem dura algumas horas, mas cada curva do rio revela novas perspectivas encantadoras. A cidade também conta com cavernas iluminadas, plantações de arroz em degraus e vilarejos que mantêm viva a cultura rural.
Para os apaixonados por natureza e fotografia, Guilin é um colírio inesquecível aos olhos e um respiro à alma.
Suzhou: a Veneza do Oriente entre jardins e canais
A apenas 100 km de Xangai, Suzhou parece um mundo à parte. Conhecida por seus canais, pontes de pedra e jardins clássicos, ela remonta a um tempo em que arquitetura e natureza coexistiam em harmonia. Seus jardins tradicionais, como o Jardim do Administrador Humilde, são Patrimônios Mundiais da UNESCO e impressionam pela estética refinada.
Além disso, a cidade é um dos principais centros de seda da China desde a antiguidade. É possível visitar oficinas onde o processo de fabricação ainda segue métodos tradicionais, e adquirir lenços, vestidos e obras de arte em seda de altíssima qualidade.
À noite, os canais se iluminam, e a atmosfera lembra um conto antigo. Ideal para quem busca romantismo, cultura e uma pausa entre as grandes metrópoles.
Harbin: o espetáculo do gelo e do inverno extremo
Se o seu espírito aventureiro não se intimida com o frio, Harbin é o destino certo. Localizada no extremo nordeste do país, é famosa por sediar o maior Festival de Esculturas de Gelo do mundo. No auge do inverno, a cidade se transforma em um parque mágico, com castelos, templos e até escorregadores gigantes feitos inteiramente de gelo e iluminados com luzes coloridas.
De herança russa visível na arquitetura e na gastronomia, Harbin mistura culturas e temperaturas extremas. Igrejas ortodoxas dividem espaço com feiras de rua, e pratos como o guo bao rou (carne de porco crocante ao molho agridoce) aquecem o corpo e o coração.
É uma cidade para poucos dias, mas que rende memórias eternas. Ideal para quem busca uma China diferente, quase siberiana, mas cheia de calor humano.
Lhasa: a alma do Tibete em meio às nuvens
Por fim, Lhasa é a joia espiritual da China. Capital da Região Autônoma do Tibete, está situada a mais de 3.600 metros de altitude e envolve os visitantes em um clima místico desde o primeiro instante. A cidade é o coração da cultura tibetana e sede do Palácio de Potala, antiga residência do Dalai Lama, cuja imponência rivaliza com qualquer palácio europeu.
Pelas ruas, fiéis circulam girando rodas de oração e entoando mantras. Mosteiros como Jokhang e Sera revelam uma fé viva, que pulsa em cada canto. A experiência em Lhasa é intensa e exige preparo físico por conta da altitude, mas compensa com momentos de profunda contemplação e beleza espiritual.
Ideal para quem busca não apenas conhecer, mas sentir a China em suas camadas mais profundas — onde política, religião e paisagem se entrelaçam de forma única.
Visitar a China é aceitar o convite para sair da zona de conforto. E essas sete cidades provam que o país tem muito mais a oferecer do que apenas as atrações mais conhecidas. Xi’an revela a origem imperial, Chengdu ensina o valor da calma, Hangzhou encanta com sua poesia visual, Guilin hipnotiza com suas montanhas, Suzhou acalma com seus jardins, Harbin surpreende com sua festa de gelo, e Lhasa comove com sua espiritualidade altiva.
Cada uma é um universo à parte, e todas formam um mosaico da riqueza cultural e geográfica chinesa. Ao explorá-las, o viajante não apenas se deslumbra com novos cenários, mas amplia horizontes sobre o que é tradição, transformação e diversidade. Afinal, entender a China é também compreender como o antigo e o novo podem coexistir — em harmonia, em tensão e em constante reinvenção.
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Formada em técnico em administração, Nicolle Prado de Camargo Leão Correia é especialista na produção de conteúdo relacionado a assuntos variados, curiosidades, gastronomia, natureza e qualidade de vida.