O mundo da moda sempre foi sinônimo de inovação, ousadia e, por que não, um certo exagero. Mas há momentos em que estilistas, produtores e marcas rompem completamente com o previsível e elevam a experiência de um desfile a outro patamar — literalmente. Ao levarem suas criações para lugares improváveis, eles não só chamam a atenção da mídia e do público, mas também criam um espetáculo visual que reforça o conceito da coleção. Afinal, quando o local é tão impactante quanto a roupa, o desfile vira história.
Selecionamos cinco desfiles que marcaram época ao unir alta costura e cenários extraordinários. Prepare-se para uma viagem fashion pelos cantos mais inusitados do planeta.
1. Chanel sobre o gelo: desfile na base de um iceberg
Em 2010, Karl Lagerfeld levou a ousadia da Chanel a um novo clima — literalmente. O Grand Palais, em Paris, foi transformado em um cenário ártico, com um iceberg verdadeiro importado da Escandinávia. A temperatura caiu, mas o glamour subiu: modelos desfilaram com botas peludas, casacos pesados e peças que misturavam elegância e resistência climática. O gelo derretia lentamente sob os holofotes, numa metáfora visual sobre aquecimento global e efemeridade. O cenário virou símbolo, e o desfile, um manifesto gelado sobre moda e meio ambiente.
2. Louis Vuitton no aeroporto: embarque imediato para a moda
O Terminal 2 do aeroporto JFK, em Nova York, virou passarela para a Louis Vuitton. Sob o comando de Nicolas Ghesquière, o desfile da coleção Cruise 2020 usou o espaço como metáfora para transições, movimentos e a vida nômade das mulheres contemporâneas. Com painéis de voos ao fundo e assentos típicos de sala de embarque, a apresentação fluiu como um embarque estilizado para o futuro. A escolha do local traduziu o espírito viajante da marca, além de captar a atenção do mundo com sua originalidade.
3. Fendi sobre a água: desfile nas Fontes de Trevi, em Roma
Em 2016, a Fendi celebrou seus 90 anos em casa, literalmente nas águas de Roma. O desfile foi realizado sobre uma passarela transparente posicionada sobre a icônica Fontana di Trevi. Modelos pareciam caminhar sobre a água, como verdadeiras deusas flutuantes. A coleção homenageava contos de fadas, e o cenário aquático reforçava essa aura mágica. A ousadia logística foi imensa, mas o resultado foi um espetáculo visual e emocional, que consagrou o desfile como um dos mais memoráveis da história recente da moda.
4. Dior no deserto de Marrocos: dunas como passarela
Em 2019, a Dior levou sua coleção Cruise para o deserto de Erg Chebbi, no Marrocos. Sob o céu estrelado e cercado por dunas douradas, o desfile foi uma ode à ancestralidade africana e à força da natureza. Com tochas iluminando a areia e uma trilha sonora que misturava ritmos tribais e contemporâneos, a apresentação transformou o deserto em templo de moda. Cada look parecia ganhar vida própria diante da grandiosidade do cenário. Um desfile que foi além da roupa — foi ritual.
5. Jacquemus nos campos de lavanda da Provença
Simon Porte Jacquemus, conhecido por suas coleções solares e poeticamente simples, encantou o mundo com seu desfile Primavera/Verão 2020. A passarela? Um caminho cor-de-rosa serpenteando pelos campos de lavanda da Provença. O contraste entre o lilás natural e o rosa artificial criou um cenário hipnótico. As roupas leves, os tons crus e as silhuetas soltas se harmonizavam com o ambiente, reforçando a estética do designer. A escolha do local não foi só visual: era uma celebração das raízes mediterrâneas da marca.
Cada um desses desfiles vai além do mero impacto visual. Eles comunicam valores, contam histórias e geram conversas — tudo que uma marca de moda deseja ao planejar uma apresentação. Lugares inusitados não são só pano de fundo, mas parte da narrativa. Ao transformar passarelas em pontes com o inesperado, esses eventos mostram que a moda, em sua essência, é movimento. E o movimento, quando bem conduzido, pode nos levar a lugares incríveis.