A queima de livros foi apenas um símbolo do que viria nos próximos anos. Um dos períodos mais sombrios da história da humanidade foi a 2ª Guerra Mundial, com milhares de vidas perdidas e danos irreparáveis à história, com morte de artistas e escritores e a extinção de obras primas da literatura universal queimadas em praça pública pelo regime Nazista de Adolf Hitler.
Com uma propaganda agressiva, o ministro de Hitler, Joseph Goebbels e sua equipe provocou um levante nas ruas, com cartazes, filmes, agitações e exposições da “arte degenerada”, levando a população a uma “lavagem cerebral” da necessidade de exterminar a cultura e a literatura contrária aos interesses da raça ariana. Entre 10 de maio e 21 de junho de 1933, logo no começo do governo Hitler, esse movimento agitou a comunidade alemã.
Na noite de 10 de maio, milhares de livros foram queimados ao mesmo tempo, em vários locais do país, tendo o episódio na praça central da capital Berlim, como a de maior impacto.
A estrutura pública foi toda ela convocada para participar dos atos de queima de livros, como policiais, bombeiros, autoridades locais e professores. A lavagem cerebral do Nazismo foi tão grande que, curiosamente, estudantes e professores universitários participaram do ato de queima de livros, através da Liga dos Estudantes Alemães Nacional-Socialistas. Vestindo uniformes marrons com a logo da suástica, eles invadiram a biblioteca da Universidade Humboldt, e roubaram 20 mil livros, entre eles alguns dos grandes clássicos da literatura universal, que supostamente, segundo o ideal do regime, foram escritos por “degenerados”. Os 20 mil livros foram queimados na praça pública de Opernplatz (hoje Bebelplatz), no centro da cidade de Berlim.
Entre os livros queimados, não apenas obras-primas da literatura estavam, mas também, grandes obras da ciência e do conhecimento humano, como livros de Sigmund Freud, Albert Einstein, Walter Benjamin, Karl Marx, Friedrich Nietszche, Thoman Mann e Bertolt Brecht.
Não apenas na Alemanha, mas em diversos outros regimes totalitários, provocou-se a queima de livros contrários aos ideais sociais de algum governo, além de outros danos profundos à humanidade.
Por isto que é preciso, acima de tudo, no mundo atual, combater qualquer governo que caminhe para o totalitarismo e domínio social, mesmo que comece de forma leve, como a censura de livros.
O mundo deve caminhar, sempre em frente, para a liberdade de expressão e de opinião, preservando a vida, as memórias, a natureza, os princípios de justiça e solidariedade, o respeito e igualdade. Qualquer retrocesso nos princípios universais, pode sim, afetar de forma direta ou indireta a paz no mundo.
Conheça agora, algumas obras-primas da literatura universal levadas à queima de livros pelo Nazismo, entre outros milhares de livros, de todos os gêneros:
As 16 obras-primas levadas à queima de livros:
- A Montanha Mágica, do autor alemão Thomas Mann
- Os Buddenbrooks, também de Thomas Mann. O autor teve muitas obras queimas e em 1933 passou a viver no exílio, para salvar sua vida.
- Tambores na Noite, do alemão Bertolt Brecht
- Emil e os Detetives, de outro autor alemão Erich Kästner
- O Homem Sem Qualidades, do austríaco Robert Musil
- O Jovem Törless, de Robert Musil, que morreu dois anos antes do fim da 2ª Guerra Mundial, mas não conseguimos mais detalhes sobre como morreu.
- Nada de Novo no Front, do escritor Erich Maria Remarque
- A Marcha Radetzky, de Joseph Roth
- O Anticristo, também de Joseph Roth
- Lendas e Contos, de Nelly Sachs. Não é uma autora de romances, sim de poesia, ganhadora do Prêmio Nobel, como a porta-voz do sofrimento do povo Judeu nos campos de concentração.
- O Livro das Andorinhas, de Ernst Toller
- Os Quarenta Dias de Musa Dagh, de Franz Werfel
- A Interpretação dos Sonhos, do criador da psicanálise Sigmund Freud. Embora este seja o livro mais conhecido do autor, todas as suas obras escritas até 1933 foram queimadas nos espetáculos da queima de livros.
- Relatividade Geral, do cientista físico Albert Einstein, além de outras de suas obras queimadas pelos Nazistas
- O Capital, de Karl Marx
- Livro das Canções, de Heinrich Heine
Muitos outros escritores foram afetados, não teria como citar, mas alguns buscaremos recordar aqui, como:
- Stefan Zweig, autor de contos, romances e ensaios. Zweig se exilou na Áustria, Inglaterra e Brasil. Seus trabalhos refletiam sobre o humanismo, a perda e a identidade cultural.
- Alfred Döblin, autor de “Berlin Alexanderplatz”. Se exilou na França e Estados Unidos. Seus romances exploravam a vida urbana moderna e os efeitos da alienação social.
- Anna Seghers, autora de romances e contos. Ela se exilou na França e México. Sua obra abordava temas como a resistência ao nazismo, a luta social e a condição humana.
- Lion Feuchtwanger, escritor de romances históricos e peças de teatro, que se exilou na França, Estados Unidos e Brasil. Sua obra criticava o nazismo e defendia a democracia.
Além destes, outros tiveram obras na queima de livros, como Carl Zuckmayer, Oskar Maria Graf e Kurt Tucholsky.
A maioria destes escritores, a maioria alemães ou da região germânica, morreram antes mesmo de acabar a 2ª Guerra Mundial, no exílio, por doenças ou problemas gerados por aquele período sombrio.
Esta lista não é exaustiva, pois o regime nazista baniu milhares de livros. Os motivos para a proibição variavam, mas geralmente incluíam críticas ao regime nazista, à ideologia racial, à guerra, à religião ou à moral tradicional. Ou simplesmente, devido ao autor tem uma origem judaica.
A queima de livros foi um evento simbólico da propaganda Nazista, que fortaleceu o ideal seminal do partido junto ao povo alemão, em 1933. Entretanto, esses autores continuaram a ser lidos por pessoas em todo o mundo, fortalecendo a literatura mundial.
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